Na sexta-feira, 20 o tempo não prometia. Tanto assim é que ao final da tarde estive a fazer fotos de tempestades ali à volta de Dornelas. Jantar e depois fui tomar café. Começou a abrir o tempo e quando saí do café estava um céu estrelado fantástico. Cheguei a casa e montei tudo no jardim lá de casa. Há uma lâmpada mesmo à porta mas não chateia as observações, ainda assim, numa próxima, pondero tapar a lâmpada com algo! Assim, às 23 estava a colocar o antares (acromático 127mm f9.44) sob o manto estrelado. Como sabia que o tempo não prometia, levei para o fim-de-semana, embora pouco convencido, apenas duas oculares. Uma de 6mm e uma LER de 20. Realmente para imagens planetárias é brutal o meu setup LXD75 + Antares. Estive a saltar de objecto em objecto, e imaginem que quando estava na zona de vega, notei no mapa que estava ali a M57, nebulosa planetária "do Anel". Não é que a consegui ver? Com todas as limitações de um F9.44 mas consegui vê-la. Soube então que a noite seguinte prometia. A lua apareceu para chatear quando já estava a arrumar. Eram já umas 2 da manhã.
A LXD75 foi irrepreensível. Os objectos ficam no campo, com uma de 20mm, seguramente, uns 45 min, com um alinhamento não muito acurado.
Apanhei um banho de geada, e só notei no fim. Coloquei os óculos que tinha deixado esquecidos em cima da mala e notei que estavam particularmente frios, embaciados e molhados. Depois de arrumar tudo, passei um paninho no material e deixei o Antares a descansar, merecidamente, em cima do sofá.
No dia seguinte desmontei a LXD75 porque com o peso do Antares, quando mexo a montagem com a máxima velocidade, além do chabascal que faz, não tem um "potenciómetro", ou seja, não abranda. Faz "acelerações" e "travagens" bruscas, e penso que por isso, depois de umas horas de observação, tem tendência a criar uma pequena folga no eixo que tem o contrapeso - julgo ser normal. A folga é mínima, mas não a tolero e portanto, em 15 minutos ponho aquilo "comme il faut".
No dia seguinte, sábado, por volta das 17 montei o Antares na LXD75 com um filtro solar tipo baader home made, e pus-me a ver o sol. Fiz até uma foto em afocal com o iPhone. Tinha uma mancha enorme mesmo no centro.
Entretanto às 18:30 chegaram os outros três astrófilos de Viseu com dois carros e muito material para juntar ao meu:
- Newtoniano da SW de 8" F5;
- Um Vixen de 90mm, F7, acromático;
- Um meade N6;
- Mais três pares de binóculos desde Olympus até à Bresser;
- Muitas oculares (sobretudo televue e meade);
- Montagem Vixen Porta para o Vixen 90;
- Uma eq-3 para o N6;
- Uma vixen (desconheço o modelo) para o SW;
Cada um trouxe a sua "marmita", mas bem antes de jantar (20h00) estivemos a falar de telescópios, montagens, a ver o sol, e, imaginem, a fazer air spotting com o vixen. Passaram vários aviões e era fácil identificar a companhia aérea.
Quando começou a cair a noite, viu-se primeiro saturno, depois spica, arcturus, e as outras estrelas e constelações foram-se desenhando no céu.
O dr. Miguel estava obstinado às galáxias da zona da Virgem. Arranjou até um sistema home-made que torna os binóculos em view finder, mas ainda não o patenteou.
Começámos por apontar baterias a Saturno. Todos ficaram logo com saturno no campo de visão e começou a "feira"! Quem quer ver o "meu" saturno? E foi o primeiro alvo da noite. Mas imagens de Saturno? Modéstia à parte, nenhuma melhor que a do Antares. Eles ficaram embasbacados com a qualidade óptica do latinhas, e eu com eles! Impressionante. Já tinha visto saturno com o Antares com a ocular de 5 que o coloca nos limites da razoabilidade com 240 ampliações, mas tinha sido em Viseu. Ainda assim, o engenheiro Guilherme, o nosso decano, já reformado, trouxe uma mala com oculares e montou tudo numa mesa. O que é dele, é "nosso". Assim pedi-lhe e fui à mesinha dele buscar uma televue de 5mm e uma barlow de 2xs da meade! Fiquei sem palavras! 480 ampliações é qualquer coisa de, no mínimo, temerário. Mas Saturno continuava ali, quieto, como sempre, no campo da ocular, a ocupar quase metade do campo. Foi muito bom, e eles gostaram imenso. Depois de Saturno, dediquei-me às duplas. Alcor e Mizar na ursa majoris, castor em gemini - muito bem separadas com uma televue de 10mm, e mais umas quantas que iam sugerindo mas que não fixei a constelação.
O engenheiro Guilherme andou na constelação de Hércules a ver M13 e não sei quê mais, o dr. Miguel nas galáxias da zona da virgem, como queria. O Paulo, gostou do que viu com o N6, mas a montagem não ajuda e como trouxe a canon D400 dedicou-se à AF de grandes campos. Terminámos a noite cedo, pouco depois das 23 porque se cobriu o tempo, mas valeu bem a pena.
Foi impecável. Marcámos já o próximo para dia 4, o dia que antecede as eleições. Quem quiser vir será bem-vindo!
Acho que me habituarei a isto
Um abraço a todos
Fotos aqui.
Há coisas fantásticas não há?
1 comentário:
É sempre bom quando conseguimos realizar algo... Deve ter sido uma tarde e tanto! Abraço
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