Anteontem escrevi um post insosso a propósito da minha chegada!!!
Muito queria eu escrever, a propósito de tudo, mas a disposição não mo permitia! Poderia ter falado do casal que veio na mesma carrinha do norte de França, as conversas que não lembrariam a ninguém, os tons usados e a ignorância a falar por eles! Pensei então, mais uma vez, que a principal causa de morte no mundo dito desenvolvido é a ignorância! Mas 99% dos casos não são diagnosticados e as pessoas acabam por não saber que morreram disso…
Muito queria eu escrever, a propósito de tudo, mas a disposição não mo permitia! Poderia ter falado do casal que veio na mesma carrinha do norte de França, as conversas que não lembrariam a ninguém, os tons usados e a ignorância a falar por eles! Pensei então, mais uma vez, que a principal causa de morte no mundo dito desenvolvido é a ignorância! Mas 99% dos casos não são diagnosticados e as pessoas acabam por não saber que morreram disso…
A uma certa altura, coube-me a mim render o condutor exausto depois de largas centenas de quilómetros a rolar. Passei para o volante. Atrelado à carrinha um reboque com um VW carocha!
Do posto do condutor, numa estrada deserta algures em França, só se via a parte da frente, generosamente iluminada pelos máximos. Pelo retrovisor, curiosamente, via-se apenas o vazio. Aliás, duas luzes ténues, uma de cada lado, a delimitar o reboque, para que se soubesse onde acabava. Não se via mais nada. Pensei que se os buracos negros existem mesmo, serão em tudo parecidos com aquilo. O vazio. O vácuo. O nada? Depois de tantas horas acordado, a conduzir e a ouvir no meu ipod o que melhor se faz de música portuguesa, dei por mim neste tipo de cogitações: por trás de mim nada. O passado como história, o futuro como mistério e o presente como dádiva. Era o que tinha: cada segundo que passava. A conduzir de uma realidade para outra. Nada mais me passava pela cabeça. Porquê?
Imaginei-me escritor de um guião, condenado a ter que responder pelo que já escreveu, pelo que já viveu. O passado é história? É! E porque é que gosto de história? Porque podemos sempre aprender com ela! Se podia não ter vivido a experiência do último ano e meio? Podia, mas não era a mesma coisa.
Quero por isso agradecer a Deus por aquilo que pude viver até agora, nomeadamente pelas pessoas que pude conhecer, as realidades, o ambiente social, as problemáticas que provoca(va)m acesos debates… De outra maneira, como poderia ter conhecido um ambiente inter-religioso e mais ainda ecuménico? Terá sentido a obstinação de falar de algo sem conhecimento de causa? Mas há tantos… Pois há, mas devemos procurar não ser desses. Desses há muitos, como os chapéus, diria o Vasco Santana.
Depois de cada experiência vivida, e felizmente o Bom Deus tem sido particularmente generoso comigo, gosto de fazer uma retrospectiva. Se me arrependo de algo? Não! Mas errei em algo? Sim! Mas se o não tivesse feito não seria o que sou, e não saberia o que sei.
Quero por isso agradecer a todos os que fizeram parte desta minha última experiência. Às pessoas que encontrei, aos jovens que acompanhei, às comunidades que me acolheram, aos que pude conhecer nos cursos de alemão.
Agradeço também a todas as comunidades que me acolheram: Thun, Interlaken, Bern e Biel. Um obrigado grande a todos.
Foi um ano e meio completo. E estou muito agradecido pelo vivido! Poderia tudo resumir-se ao vazio no fundo do retrovisor… Mas não se resume a isso. Tudo o que vivi serviu para me enriquecer e acompanhar-me-á pela vida.
Somos aquilo que comemos diria Ludwig Feuerbach, um filósofo materialista Alemão. Sem me querer dizer filósofo, como académico, tenho a certeza que somos aquilo que vivemos. Por isso, vivam.
Muitos dizem que sou optimista e consigo ver coisas fantásticas em todo o lado. A questão não é de ser optimista ou menos. Tem a ver com as lentes com que vemos as coisas…
Muitos de vós, que por hipótese vêem tudo triste, soturno, devem trocar de lentes. Além das nuvens está sempre o sol. O facto de o não vermos, apenas significa que estamos no sítio errado. E as lágrimas que se derramam depois de uma tempestade, não vos permitirão ver as estrelas que surgem imediatamente a seguir. Depois da tempestade vem sempre a bonança.
Peço desculpa pelo tamanho do post, mas eu tinha alertado para o tamanho dele. Com tudo isto, por mais que possais ter dúvidas, eu não duvido, Há coisas fantásticas não há?
2 comentários:
A vida é uma autentica peça de teatro e tu és o escritor dela.
No retrovisor da vida podemos ver muita coisa, mas o importante é agradecer isso.
Sei que viveste muito, mas sempre feliz.
O post pode ser grande mas lê-se bem!
Um escritor de um guião... uma ideia interessante. Podes não sê-lo no papel, mas és no exemplo de Vida!
Muito bem manito! Já o sabia. Mas vendo escrito tb eu acredito que o último ano e meio te fez muito bem, por teres conhecido uma outra realidade, um ambiente ecuménico, um ambiente "gelado"...
e acrescentaria eu a curta experiência que tiveste como trabalhador de escova de dentes!
Todas essas experiência valem sempre a pena, não nos devemos arrepender nunca delas =)
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