Acabei de ver um filme que tem tanto de impressionante como de fantástico. Um filme, deixem-me dizer-vos, que tem muito pouco de comercial e de convencional. Por isso mesmo, não é um filme para todas as plateias, e ainda que tenha ganho alguns prémios internacionais, ficará nos anais da história como mais um bom filme, que por ser de certa maneira incómodo, permanecerá remetido ao esquecimento de quem o deveria ver.
Seguramente já ouvistes falar da Cidade di Juarez, no estado mexicano de Chihuahua, e que confina com a cidade de El paso, do outro lado da fronteira, no estado americano do Texas.
O filme poderia falar de tantas coisas: tráfico de estupefacientes, tentativas frustradas ou conseguidas para passar a fronteira em direcção ao El Dorado. Mas não. Não se trata de nada do género. Antes fala do feminicídio que acontece em todo o mundo, mas que na última década e meia tem, por lá, uma frequência que vai do doentio ao completamente irrazoável. Esquemas inteligentes e sádicos de corrupção fina, e ao mais alto nível, com governadores à mistura, polícia, USA, multinacionais, imprensa e, claro, os prevaricadores.
Um filme de Alejandra Sánchez que pinta a realidade de um ponto de vista que tem tanto de humano como de realístico. Um filme com um orçamento bem limitado. Basta comparar e ver as diferenças dantescas entre os $ 250 000 USD (United States Dollars) de orçamento deste filme, contra os $200 000 000 USD do filme 2012).
Entre os dois filmes, tendo em conta o que gastaram neles, preferiria rever o Bajo Juarez, não obstante o facto de ter custado 800 vezes menos. Está certo que são filmes diferentes, mas os dois têm uma mensagem a passar.
Em suma, aos olhos de um cinéfilo leigo, passou melhor a mensagem do filme "pequenino".
Mas é só uma opinião.
O que não é uma opinião, é que a sétima arte é fantástica, e este filme que aconselho vivamente também o é.
Há coisas fantásticas não há?
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