No passado dia 5 de Outubro em que a república fazia uma idade notável, tempo para um passeio por Viseu! Está mudada! Para melhor! Mais edifícios novos, novas infra-estruturas, novos investimentos que tornam o "penico das beiras" um lugar atractivo, disposto a dialogar de igual para igual com outros cidades maiores no que diz respeito a empregabilidade e vivibilidade. A propósito de emprego, há determinados sectores que continuam com um deficit, e portanto a necessitar de mão-de-obra...
Não foi porém por isto que decidi escrever-vos. Depois de termos caminhado um bom pedaço, decidimos voltar a casa. No largo D. Alves Martins, algo roubou a minha atenção.
Uma senhora, senhora dos seus 70 anos, passeara até então os bolsos, um cheio de nada, e o outro de coisa alguma. Sentou-se. No saco que serve de tudo, onde leva os sonhos mais queridos de uma vida que já passou, um saco mais pequeno. Dentro dele pão. Começou a distribuição e as amigas pombas não tardaram a chegar em bando. Umas em cima do banco, outras pelo chão, outras aos pés. Quando começou a escassear o pão, partiu algum e deitou-o para o regaço. Em poucos segundos algumas pombas lhe subiram para o colo, e ela, ía paulatinamente apanhando as pombas, falando com elas e acariciando-as.
Pode ser uma imagem de um nicho de população, mas não deixei de me entristecer. A solidão é importante apenas e só porque visa uma melhoramento pessoal uma vez que o ser humano é iminentemente relacional. Ver alguém que envelhece só não é o melhor dos espectáculos. Perguntei-me depois: que faço para evitar isso? Como podemos, de alguma forma, minimizar a solidão destas pessoas? Estará também na nossa mão? Ou depende apenas dos outros?
Eu acho que passa por todos. Devemos ter consciência que não estamos sós no mundo. Devemos ser seres relacionais, e ainda que a velhinha nos não diga nada, se nós lhe der-mos um bom dia/boa tarde, receberemos um sorriso! E que melhor há se não o sorriso de um idoso ou de uma criança?
Filho és, pai serás, diria a minha avó! Como diria Bento XVI na sua visita a Portugal,
«Fazei coisas belas, mas sobretudo, tornai as vossas vidas lugares de beleza.»
Possa pois a nossa vida ser um hino que canta a beleza. Que na mais pequena das coisas vejamos álibi para dar graças a Deus. Que estas pessoas não nos sejam indiferentes.
Não obstante os problemas e as vicissitudes, Há coisas fantásticas não há?
2 comentários:
Uma vida inteira de luta,para se acabar (muitas vezes)sozinho!
A vida é um lugar de beleza, mesmo para esta senhora, que com o pouco que tem, retribui com as pombas!
Muitos têm muito e nem com o irmão que esta ao seu lado são capazes de repartir!
É no meio dos "pobres" que se encontra (muitas vezes) a felicidade!
Simplesmente fantástico! Parabéns pelo post, de certo fará pensar muita gente. Sobre a idosa, alegra-me saber que ainda há pessoas generosas, que sabem o significado de partilhar e que, certamente, depois de uma vida de luta ainda continue esta batalha (a que chamamos de Vida) para dar aos outros, neste caso as pombas!
Enviar um comentário